Manifesto Assexual

Ariel F. Hitz, Calisto M. e Ravi D. Pires

Decidimos escrever este manifesto, ainda que exista um anterior, pois sentimos que “The Asexual Manifesto”, escrito por Lisa Orlando em 1972, não representa a comunidade assexual atual.

Por muito tempo, a sociedade vem criando mentiras sobre assexualidade. A verdade é que não somos doentes, não precisamos de uma cura ou de ume parceire ideal. Essa orientação tampouco é uma criação “pós-moderna” ou celibato, que não passa de uma escolha, enquanto que a assexualidade independe da vontade ou status da vida sexual do indivíduo assexual.

O que precisamos é que nos escutem.

Assexualidade

A assexualidade é simplesmente a orientação onde o indivíduo rara, condicionalmente ou nunca experiencia atração sexual. Ela está presente na humanidade desde os princípios desta, assim como qualquer outra orientação sexual.

E mais do que uma única orientação, a assexualidade é um espectro complexo que contempla várias experiências assexuais, da estrita a área cinza, entre um grupo diverso de pessoas de todos os gêneros, culturas, raças, etnias, classes e qualquer outra divisão social.

Essas são experiências que podem envolver namoro e contato físico, como beijos, que independem da nossa disposição ou indisposição para o ato sexual, ou mesmo masturbação e sexo, o que não anula nossa assexualidade.

É importante ressaltar que o espectro assexual é separado do espectro arromântico, pois ainda que nossas comunidades se intercalem algumas vezes, as experiências são diferentes e, assim, nem todo indivíduo assexual é arromântico e vice-versa.

Não experienciar atração sexual não implica necessariamente em não experienciar atração romântica ou física. E, considerando que algumas pessoas no espectro assexual ainda podem sentir atração sexual raramente ou em condições específicas, e que assexualidade por si só não evidencia a atração sexual ou romântica por determinados gêneros, constatamos que o indivíduo assexual pode ter uma orientação sexual paralela gênero-guiada e/ou uma orientação romântica gênero-guiada.

Essa orientação indica por quais gêneros ou alinhamentos de gêneros essas pessoas se atraem sexualmente ou romanticamente nesses casos. Dessa forma, uma pessoa assexual também pode ser hétero, lésbica, gay, bissexual, pansexual ou de qualquer outra orientação sexual e/ou romântica agregada a sua assexualidade.

Comunidade

A comunidade assexual se organiza e se expressa de maneiras diferentes às outras, portanto, é importante que não se apliquem lógicas e olhares alossexuais a essa comunidade.

O fato da internet ser presente e importante para nossa organização não nos torna menos válides ou reais, assim como nossa vivência não é uma desculpa de não-queers para se infiltrar na comunidade LGBTQIAP+.

A assexualidade é, assim como todas as outras orientações sexuais, uma expressão da nossa identidade, uma característica intrínseca ao indivíduo assexual e, também como todas as outras orientações, tem suas próprias características, símbolos e particularidades.

Nossa vivência, apesar de não ser única, é diretamente ligada a assexualidade e suas manifestações, que, conhecidas ou não, não nos torna menos comunidade ou faz com que a comunidade queer como um todo não seja levada a sério.

Novamente, nós pedimos: nos escutem e não limitem nossas experiências a visões e termos de outras comunidades, pois temos nossas próprias formas de nos definir e expressar.

Manifesto Assexual

Ariel F. Hitz, Calisto M. e Ravi D. Pires

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